terça-feira, 31 de março de 2015

A arte dos connoisseurs chineses

A civilização chinesa passou por inúmeros períodos de caos, instabilidade e guerra civil ao longo de sua imensurável história. A origem deste povo é imprecisa e está cercada de mitos e lendas que se confundem com as evidências arqueológicas daquele país. Desde os mitológicos líderes pré-dinásticos, passando pela fábula do Imperador Amarelo até o registro chinês do dilúvio universal, a cultura chinesa se mostra recheada de alegorias que a torna tão singular até os dias de hoje. Não é à toa que suas lendas se transformam constantemente em releituras nos mais diversos suportes artísticos, seja no cinema, nas artes visuais, no teatro ou nos quadrinhos. Por exemplo, qual jovem não conhece o personagem Son Goku, o protagonista do mangá Dragon Ball? Este foi livremente baseado na lenda denominada Saiyuki a qual está repleta de elementos budistas e taoistas.


Assim como na arte egípcia, vemos na antiga produção cultural chinesa uma forte inspiração da religião. O Budismo influenciou a arte chinesa ao introduzir uma nova abordagem da pintura: a reverência pela realização do artista. Este expressava sua personalidade e caráter por meio da técnica com pincel e tinta utilizada por seus antecessores. Ou seja, desde tempos remotos, a China já tinha apreço pela originalidade enquanto expressão da personalidade, mesmo sem ignorar os mestres famosos e muito menos abdicar de certos cânones para atingir maestria. Conhecido por Os Seis Cânones da Pintura, a tradição estabelece seis elementos essenciais para orientar a criação da obra.

A criação artística, para este povo, não era considerada como uma tarefa subalterna, por isso que os pintores eruditos eram denominados connoisseurs, grandes mestres. Também sendo primorosos na fundição do bronze e apreciadores da arte funerária/tumular, esta civilização se distinguia da egípcia nas concepções estéticas a qual nota-se a preferência por curvas sinuosas que sugerem movimento e graciosidade. Isso provavelmente se dava pela tênue semelhança que os chineses aplicavam na escrita caligráfica e na pintura. Tanto uma quanto a outra necessitavam dos mesmos equipamentos e buscavam a mesma meta de propiciar um estado meditativo para quem as contemplasse. Assim, frequentemente, o artista escrevia versos poéticos no mesmo rolo de seda em que pintava. E mesmo que estas fossem monocromáticas, o domínio da variação de tons e dos estilos de pinceladas conduziam o artista ao aperfeiçoamento do que chamavam de Cinco Cores.

Daí que surge a estética chinesa da cor, das técnicas monocrômicas, das pinceladas firmes e vigorosas, da identificação do connoisseur chinês com o princípio da vida. O ato de pintar era visto como uma expressão de maturidade, assim, antes de se dedicarem à pintura, os artistas primeiro se destacavam na sociedade como eruditos, calígrafos e/ou poetas. Pois a pintura não era vista como profissão, assim os pintores chineses atingiam sua excelência depois de se submeterem à uma rigorosa disciplina intelectual. Ao conduzirem-se por esta via tão distinta dos ocidentais, embora pudessem produzir réplicas da realidade ou imitar a natureza como os gregos, os artistas orientais colocavam primeiro sua personalidade em harmonia com o princípio cósmico e permitiam que seu coração se integrasse com o ch'i, para que o Tao se expressasse por meio dele, fazendo da pintura uma extensão da arte de viver.


Referências:
Ernst Hans Gombrich. A HISTORIA DA ARTE. Rio de Janeiro, 2013 (Livro).

Harold Osborne. ESTÉTICA E TEORIA DA ARTE - uma introdução histórica. Londres e Harlow, 1968 (Livro).


domingo, 22 de março de 2015

Carta aos Romanos

Assim como nas civilizações já mencionadas anteriormente, os romanos também eram politeístas. A variedade de deuses adorados nas mediações do Império Romano era tamanha que, durante o reinado do Imperador Adriano, foi construído o Panteão de Roma com o intuito de reunir o culto à todas estas divindades em um único templo. As construções arquitetônicas desta civilização se desenvolveu em um caminho distinto dos gregos devido ao uso dos arcos e abóbadas, os quais permitiram que os romanos criassem espaços internos mais amplos e também os famosos aquedutos. Neste contexto histórico, temos o conhecimento de Saulo de Tarso, cidadão romano de procedência judaica que ficou bastante conhecido pela perseguição dos primeiros cristãos na Judeia até que o próprio Jesus lhe apareceu na estrada de Damasco. 

Ironicamente, Saulo que era o perseguidor de cristãos, ao se tornar um, foi perseguido pelos judeus e só não foi crucificado pois era um cidadão romano. Antes de ser capturado e preso em Jerusalém, Paulo escreveu sua famosa carta para os cristãos que residiam em Roma, aproximadamente em 57 d.C, anunciando seu entendimento sobre o evangelho e as doutrinas dos seguidores de Cristo. Difícil é tentar compreender a gradual expansão do cristianismo mesmo neste contexto de perseguição. Desde o ano 64 de nossa era com o Imperador Nero até 305 sob o governo de Diocleciano, cristãos eram assassinados, incendiados e brutalizados para o entretenimento da população romana. Deste modo, Paulo escreveu para aqueles desamparados que não tinham templos para se reunir, mas que devido às perseguições, realizavam suas assembleias dentro de residências e também em galerias subterrâneas conhecidas por catacumbas.


O espaço dentro dessas galerias serviam inicialmente para sepultar os mártires, aqueles que morreram pela sua fé e que desejavam ser ressuscitados por Jesus integralmente, já que acreditavam que o costume romano de cremação poderia interferir neste objetivo. Quando estas galerias foram redescobertas, descobriu-se as primeiras manifestações de pintura cristã realizadas inicialmente por homens do povo e não grandes artistas, daí as características simples e até mesmo toscas, de forma rude ou grosseira como é relatada pelos historiadores. Nestas pinturas simbolistas, vemos por exemplo o peixe, que em grego se escreve ICHTYS coincidindo com a expressão "Iesous Christos, Theou Yios, Soter" (em português "Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador") e o qual inclusive é utilizado por cristãos até os dias de hoje. Este relacionamento entre arte e cristianismo se tornou cada vez mais íntimo e isto pode ser observado na arte bizantina, gótica e até mesmo depois da Idade Média.

Saulo, que também era chamado de Paulo, após se converter fez três viagens missionárias e só conheceu a capital do Império quando tinha cerca de cinquenta anos. O livro bíblico de Atos dos Apóstolos narra esta viagem de Cesareia à Roma no capítulo 27, sendo considerado o relato mais completo daquele tempo de uma viagem por mar num navio à vela. Neste mesmo livro, temos um outro curioso relato ocorrido na cidade de Éfeso localizada na província asiática do Império Romano, onde um ourives chamado Demétrio lucrava muito com a venda de miniaturas do templo da deusa Diana em prata, e viu seu negócio ameaçado com a pregação monoteísta de Paulo e seus companheiros. Estes últimos foram capturados pelos cidadãos de Éfeso e levados à um teatro onde só não foram assassinados pela multidão revoltada graças à intervenção do secretário da prefeitura da cidade.


Referências:
Graça Proença. HISTÓRIA DA ARTE. Sem ano (PDF).

Sociedade Bíblica do Brasil. BÍBLIA DE ESTUDO NTLH. 2012 (Livro)*.


*Esta tradução também pode ser acessada NESTE LINK.


segunda-feira, 16 de março de 2015

Conhece-te a ti, grego

Nas cidades-estado gregas, os artistas eram como operários comuns não sendo considerados membros da alta sociedade, porém, participavam nos assuntos de governo na época em que a democracia ateniense atingiu o seu mais elevado nível, paralelamente ao apogeu da arte grega. Todo o conhecimento artístico, científico e cultural que herdamos desta civilização está tão inerente a nós que as vezes mal lembramos que ela nos legou a matemática, geometria, filosofia, o teatro e os jogos olímpicos, e que inclusive o novo testamento foi escrito originalmente na língua grega.


O curioso neste último ponto é que as cosmovisões e os modos de pensar dos gregos e dos hebreus eram muito distintos. Enquanto os primeiros viam o curso da história de forma cíclica, os outros viam de forma linear. A individualidade que para um era um valor supremo, não era compartilhada pelos hebreus que viam uma ligação inseparável entre o indivíduo e o grupo, enfatizando a vida em comunidade. Também pros hebreus, as essência e função das coisas eram mais importantes que a forma e a aparência. Portanto, quando ousamos descrever objetos ou até mesmo pessoas, e damos ênfase na aparência delas, estamos reproduzindo a visão grega.

Além do que já foi dito, a escultura grega clássica já bastante admirada antes do período helenístico, chegou aos nossos tempos graças aos romanos que eram grandes apreciadores e reprodutores desta modalidade artística. O cristianismo poderia até ser o culpado pela destruição em larga escala destas imagens originais de deuses pagãos, se o que víssemos hoje em dia nas igrejas católicas não fosse exatamente o contrário disto, pois os primeiros gregos e romanos recém-convertidos ao cristianismo estavam tão acostumados com as imagens e ídolos em seu cotidiano que logo as renomearam com nomes cristãos. Temos, por exemplo, uma escultura de Júpiter a qual foi posteriormente nomeada de Pedro. Rômulo e Remo logo viraram Cosme e Damião e até mesmo Jesus e Maria foram frequentemente associados as imagens de Esculápio (deus curandeiro de cabelos engrenhados e barba longa) e Ísis (que embora seja originalmente a deusa egípcia da maternidade, teve seu culto bastante difundido no mundo mediterrâneo, principalmente no período helenístico).

Deste modo, as presença, reverência e adoração das imagens de santos na igreja também são herdados dos costumes greco-romanos. Mais pra frente também veremos como esta cultura clássica será recapitulada por diversos períodos da história da arte. Até mesmo o genial dramaturgo do teatro pós-dramático, Bob Wilson, revelou que a fonte para sua dramaturgia é o rearranjo do teatro clássico e de tudo aquilo que nos antecedeu nesta modalidade (a origem das encenações teatrais remonta ao século V a.C. a partir dos ditirambos, que são cantos em honra do deus Dionísio). A civilização grega abraçou esta arte de tal maneira, que ela era inclusive representada em pinturas e mosaicos. Atualmente ainda vemos encenações das obras de Ésquilo, Sófocles e Eurípedes, os pais da tragédia, sendo realizadas pelos teatros mundo à fora. No Brasil, a forte presença da arte do teatro se apresenta principalmente no gênero comédia que é o mais atraente para o público leigo e que também teve espaço na famigerada Poética de Aristóteles.

Referências:
Amazing Facts. REVELATION: THE BRIDE, THE BEAST & BABYLON. 2013 (Documentário).

Eduardo Rueda. O PENSAMENTO HEBRAICO COMPARADO AO GREGO. 2013. (Artigo).

Ernst Hans Gombrich. A HISTORIA DA ARTE. Rio de Janeiro, 2013. (Livro).


segunda-feira, 9 de março de 2015

Hatshepsut, a rainha-faraó do antigo Egito

Como bem sabemos, a civilização egípcia se desenvolveu ao longo do Rio Nilo desde aproximadamente 3.200 a.C. e nos deixou fragmentos de uma arte profundamente ligada à sua religião, onde artistas seguiam modelos rígidos, também conhecidos por cânones, e se baseavam na forte ideologia da monarquia divina, representada pela figura do faraó. Nesta civilização não se tinha a ideia de arte como nos dias de hoje, pois os escultores e pintores eram simples artesãos que precisavam se enquadrar dentro do sistema canônico e fazer a vontade de seus clientes, não havendo espaço para a sua subjetividade. A possibilidade do artesão obter um status maior e uma melhor remuneração dependia exclusivamente da realização de seu trabalho de maneira adequada. Esta arte oficial porém, não impediu que paralelamente se estabelecesse uma arte popular menos conhecida por nós devido a pouca durabilidade dos materiais desta modalidade.

No Egito faraônico, outro forte aspecto tido como artístico são as construções monumentais: obeliscos, pirâmides e até mesmo as esfinges que nos mostram as avançadas técnicas de arquitetura desta civilização. O Templo de Deir el-Bahari, por exemplo, é um dos mais belos do antigo Egito e sua peculiaridade se torna ainda mais significativa quando conhecemos a responsável por sua construção, a rainha-faraó Hatshepsut da XVIII dinastia, que quase teve sua história apagada por seus sucessores. A história desta governante está repleta de elementos melodramáticos, desde a expulsão dos hicsos por seu avô Amósis I, passando pelos incestos para garantir uma linhagem real (a qual já não foi garantida desde que esta se casou com seu meio-irmão Tutmés II) até as pitadas de evidências que a tornam a possível mãe do herói bíblico Moisés.


As representações desta soberana na arte egípcia geralmente retratam-na com vestes masculinas, portando inclusive a barba real em suas aparições públicas. Porém também são encontradas representações de Hatshepsut com características de gênero feminino e sua gradual transferência para imagens masculinizadas ainda não foi datada com precisão. O que imaginamos a partir daí, é a contradição que se apresentava na ascensão de uma mulher como faraó, numa sociedade que conectava a imagem do soberano a de deuses masculinos.

A investigação desta dinastia como pano de fundo do livro de Êxodo, é defendida por estudiosos do Antigo Testamento que se contrapõem à hipótese de que Ramessés II tenha sido o faraó que perseguiu os hebreus em sua saída do Egito por falta de evidências cronológicas. Assim, ao contrário do que muitos pensam, a ciência e mais especificamente a arqueologia tem apresentado evidências que provam veracidades dos registros bíblicos: desde a descoberta de Babilônia, à eventual aceitação do antigo Egito como nação poderosa e aos achados que evidenciam que Tutmés III é o faraó que incansavelmente impediu a saída dos Hebreus das terras egípcias. Este faraó, filho do marido de Hatshepsut com uma concubina foi um dos responsáveis pela depredação de parte das imagens da rainha-faraó no templo de Deir el-Bahari e possivelmente morreu nas águas do Mar Vermelho como descrito no livro de Êxodo, já que a múmia que se encontra em seu sarcófago não corresponde com a idade que o governante tinha ao ser sepultado.


Referências:
Aline Fernandes de Sousa. A MULHER-FARAÓ: REPRESENTAÇÕES DA RAINHA HATSHEPSUT COMO INSTRUMENTO DE LEGITIMAÇÃO (EGITO ANTIGO - SÉCULO XV A.C.). Niterói, 2010 (Dissertação de Mestrado).

Stantley A. Ellisen. ENTENDENDO MELHOR O ANTIGO TESTAMENTO. Deerfield, 1984 (Estudo bíblico).


segunda-feira, 2 de março de 2015

Oficina de Histórias em Quadrinhos (20/02/2015)

Saiu na página da Prefeitura de Maringá sobre a oficina que levamos para a comunidade de Iguatemi no dia 20 de Fevereiro:

"Há alguns dia [sic] a Biblioteca CEU das Artes de Iguatemi realizou sua primeira oficina. O artista André Luís Onishi ministrou um curso sobre história em quadrinhos para adolescentes da comunidade.
Que seja a primeira de muitas. :)
#PrefeituradeMaringá #CEUdasArtes" 
Originalmente publicado em http://goo.gl/e43XZu
Notícia em Destaque também no Portal da Secretaria de Cultura de Maringá (AQUI).

Tivemos a satisfação em conhecer e realizar a primeira oficina neste espaço que merece ser ocupado. O CEU das Artes (Centro das Artes e dos Esportes Unificados) do Distrito de Iguatemi [Maringá, Maringá!!] foi inaugurado meio nas coxas no final de 2014 [verba Federal] mas precisa de destaque. Este é um convite para os artistas levarem para este espaço suas habilidades de fazer o bem à comunidade.
Vontade não falta para voltarmos para lá!

Confira os slides utilizados no curso AQUI.

domingo, 1 de março de 2015

Semelhanças mesopotâmicas nas Américas

A escrita surgida na Mesopotâmia por volta de 3200 a.C., é tida como o primeiro sistema de sinais uniformizados que permitiam reproduzir, materializar e fixar o pensamento. Nas ruínas da cidade de Uruk, atual Iraque, foram encontrados os escritos mais antigos conhecidos até hoje, em língua suméria. Estes pictogramas estão estreitamente relacionados à capacidade artística rupestre de pintar e gravar representações da natureza e também da cultura destas populações antigas. Este sistema de escrita ideográfica foi superado pelos fenícios com sua escrita fonética e seu alfabeto considerado o pai dos alfabetos modernos, embora este tenha sido baseado no alfabeto semita.


Curioso também são as semelhanças das culturas mesopotâmicas com as culturas mesoamericanas. Os indígenas mesoamericanos também "escreviam" por meio de imagens. Registravam praticamente tudo: suas festas e deuses, seus feitos memoráveis, suas prosperidades e pestilências, etc. Entretanto, muitos dos livros e documentos, inclusive datados por causa de seus avançados sistemas calendáricos, foram incendiados pelos colonizadores espanhóis de nossa era.

Seus calendários denotam implicitamente seus conhecimentos precisos do ano solar e dos ciclos de Vênus e das Pleiades. Muito dos documentos incinerados, por serem considerados obra do demônio, registravam simplesmente calendários agrícolas, dados das estações, luas e datas propícias para o cultivo alimentar. Esta subentendida observância de fenômenos astronômicos são expressadas também em suas arquiteturas, onde a construção dos edifícios são exatamente coordenadas com o fenômeno natural que queriam ressaltar, por exemplo as pirâmides do sol, da lua, etc.

Por falar nas pirâmides mesoamericanas, as quais podem se estender por mais de 60 metros de altura, estas muito se assemelham com as pirâmides mesopotâmicas, designadas como Zigurates. Ambas construções são uma forma de templo, contendo em sua estrutura a mesma técnica do adobe. O Frei Bernardino de Sahagún atribui a construção das pirâmides mesoamericanas aos gigantes, possivelmente os Nephilin bíblicos, filhos de Anakin, muitas vezes relacionados aos Anunnakis que são as divindades sumérias. Sendo assim, o politeísmo é o último aspecto semelhante que iremos ressaltar entre estas duas culturas extintas, atualmente estudadas apenas por meio de seus fragmentos, ruínas e vestígios arqueológicos.


Referências:
Francisca das Chagas Medeiros Vasconcelos. DESENVOLVIMENTO DA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA: CORRELAÇÕES COM A APRENDIZAGEM DA LEITURA E ESCRITA. Rio de Janeiro, 2006 (Dissertação de Mestrado).

Andréa Gonçalves Moreira Bernardes. URBANISMO MESOAMERICANO PRÉ-COLOMBIANO: TEOTIHUACÁN. Brasília, 2008 (Dissertação de Mestrado).