segunda-feira, 25 de maio de 2015

Monstro do Ceará



Dando continuidade a série de homenagens à músicos, apresentamos Rapadura Xique Chico, este MC de RAPente que veste o Norte e Nordeste brasileiro. Já se apresentou duas vezes em Maringá e circular pelo país fazendo este som autêntico com muita poesia em seu canto. Assista abaixo o primeiro vídeo deste artista que lançou seu álbum Fita Embolada do Engenho em 2010.



domingo, 24 de maio de 2015

II Encontro de Culturas Urbanas



O Encontro de Culturas Urbanas vem dar apoio as constantes discussões sobre arte e público levantadas por pessoas de todo mundo. Este tema nos estimulou a considerar que as manifestações culturais podem/devem ser realizadas em esferas públicas para permitir que a sociedade possa fruir dos trabalhos realizados sob influência do meio em que o artista está inserido.
No domingo, dia 7 de JUNHO a Láudano Artes realizará a segunda edição do encontro no Kubitschek Bar (Av. JK, 441), buscando a aproximação entre artistas e público ao proporcionar a fruição de trabalhos culturais de artistas iniciantes, amadores e profissionais para fomentar a produção cultural contemporânea da região de forma gratuita.
Os interessados em expor seu trabalho visual (escultura, fotografia, pintura, desenho, instalação, performance, etc), cênico (teatro, circo, DANÇA, etc) ou híbrido, entrem em contato pelo e-mail promotor@laudano.art.br ou pelo telefone 44-99149489.

Confira abaixo o vídeo do PRIMEIRO encontro com a cobertura do programa Canta Cidade:

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Desenvolvimento da Arte Moderna no Brasil

Com a consolidação da Academia Imperial do Rio de Janeiro, alguns de nossos pintores foram estudar e se aperfeiçoar na França ou na Itália. José Ferraz de Almeida Junior foi um destes pintores que se tornou acadêmico da escola francesa no mesmo período do advento da fotografia e das primeiras exposições impressionistas em Paris. Embora tenha críticos que sustentem que este artista desenvolveu trabalhos mais autênticos antes de sua viagem, as gerações posteriores o saudaram pela ruptura com os temas exaustivos de alegorias e assuntos bíblicos se tornando responsável, aqui no Brasil, por uma rebeldia artística anterior às vanguardas. A euforia que este causou entre seus contemporâneos se deu pelas temáticas regionais, caboclas e caipiras como aquela prenunciada por Monteiro Lobato na coletânea Urupês editada em 1914.
Entretanto, os exemplos mencionados não foram necessariamente as libertação artística nacional e independência literária brasileira. E em geral, os pintores brasileiros que passavam uma temporada no Velho Mundo retornavam de lá europeizados, trajados de indumentária acadêmica. Um pintor que fugiu à essa regra foi Eliseu Visconti, o qual embora tenha sido consagrado em vida graças à triunfos escolares e acadêmicos, se sentiu enojado com os ambientes conservadores das academias, não se conformando com seus êxitos ao desdenhar dos galardões oficiais e optar pela sua consciência artística. Conforme Mário Pedrosa, os precursores do movimento moderno brasileiro só perderam por não terem tido contato com este velho mestre, que aprendeu diretamente na escola neo-impressionista as técnicas da luz, se tornando o primeiro na pintura brasileira a tratar com maestria o perigoso tema da luz tropical.


O escritor Oswald de Andrade atribui à Lasar Segall a primeira exposição de Arte Moderna no Brasil em 1913. Já em 1917, Menotti Del Picchia, também escritor, publica Juca Mulato considerado a antítese do personagem Jeca Tatu de Lobato. Foi neste período que se identificou a necessidade de transformação do pensamento e a integração do Brasil em si mesmo entre os intelectuais do primeiro grupo modernista. Estes buscaram ensinamentos em mestres europeus que pouco conheciam sobre nosso meio, perdendo a chance de encontrar na obra viscontiana preciosas indicações para o futuro das nossas manifestações artísticas. Separado e isolado deste grupo, Eliseu Viconti ainda viveu vinte anos após a incursão moderna e só obteve reconhecimento integral depois de sua morte, quando não poderia mais contribuir com os talentosos artistas que participaram da famigerada Semana de 22.
O modernismo está totalmente ligado às grandes cidades, com o início da eletrificação destas, onde propiciou rua, bares e cafés iluminados à noite e promoveu um convívio que até então era inexistente. Neste ponto, São Paulo estava na frente do Rio de Janeiro segundo Mário de Andrade, sua atualidade comercial e industrialização estava em maior contato com as atualidades do mundo. Foi neste ambiente também que eclodiu, ainda no século vinte, os Museu de Arte de São Paulo e Museu de Arte Moderna criados na tensão dos debates polarizantes entre o figurativo e o abstrato. Idealizado pelo MAM, surgiu também a 1ª Bienal Internacional de São Paulo inaugurada em 1951, completado sua função de ligar a América Latina ao circuito internacional de arte e fazendo da bienal um mecanismo de promoção e consolidação da arte moderna e também do campo artístico internacional, assim como em Veneza.


Referências:
Mário Pedrosa. VISCONTI DIANTE DAS MODERNAS GERAÇÕES. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 1950 (Crítica).

Rita Alves Oliveira. BIENAL DE SÃO PAULO: IMPACTO NA CUTURA BRASILEIRA. São Paulo, 2001 (Artigo).

Rosângela Miranda Cherem. APARÊNCIA E APARIÇÃO, O JOGO DE TRANSTORNOS NUM RETRATO DE ALMEIDA JÚNIOR. Curitiba, 2009 (Artigo).

TV Cultura. SEMANA DE ARTE MODERNA. 2002 (Documentário).


sexta-feira, 15 de maio de 2015

Missão Artística Francesa

Com a chegada da corte portuguesa no início do século dezenove o Príncipe Regente Dom João transformou o Brasil de colônia em principal país do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, fazendo do Rio de Janeiro a capital e sede de seu governo. Em relação ao período anterior, a chegada da Família Real trouxe grande progresso ao país, com a fundação de universidades, o desenvolvimento da imprensa periódica, a preocupação com os problemas de saneamento, etc. De todas as mudanças estruturais e culturais realizadas neste período, optamos por evidenciar a sistematização do ensino e da prática artística que se deu com a vinda da Missão Artística Francesa em 1816.
Antes deste período já havia no Brasil produções artísticas e até mesmo aulas de desenho e pintura. Porém os sistemas predominantes na colônia eram o da arte autodidata feita em nível de artesanato por pessoas humildes e o da arte elaborada pelos clérigos, baseada nos princípios da fé como na Idade Média. A produção artística colonial, sobretudo o barroco brasileiro, chegou a ser desqualificada pelo seu "amadorismo". A ruptura com a tradição barroca, religiosa e popular se deu pela inserção de uma prática academicista trazido pelos franceses de estilo neoclássico. Porém a realidade daqui era distinta da França revolucionária, os ideais e formalidades neoclássicos se encontravam fora do contexto brasileiro. Simplesmente era postiço e enganoso aplicar o sistema formal do neoclassicismo na representação da realidade brasileira.


O caráter heroico deste estilo simplesmente não combinava nada com o caricato monarca fujão que governava nosso país. Porém por encomenda deste, após Nicolas Taunay se oferecer como pintor para a Família Real e mais uma série de outros acontecimentos, Joachim Lebreton foi indicado para organizar o grupo de artistas que vieram da França com a finalidade de fundar no Rio de Janeiro uma Academia de Belas-Artes. A expedição que ficou conhecida por Missão Artística Francesa, trouxe cerca de quarenta estrangeiros. Os principais entre eles, além de Taunay e Lebreton, eram Jean Baptiste Debret, Grandjean de Montigny, Simon Pradier, Segismund Nuekomm e François Ovide. Somente dez anos depois da chegada destes a "academia" se tornou realidade, pois o ritmo na capital provisória do reino era lento.
O atraso também se deu por conflitos de interesses entre portugueses e franceses, numa rixa que refletia pouca importância dada às questões verdadeiramente artísticas. Ainda assim, aos poucos se concretizava aqui um ambiente de ensino artístico. Debret, que atuou como professor de pintura de história na academia é tido também como o responsável pela realização das primeiras exposições de artes plásticas no país, nos anos de Brasil Imperial. Um aluno seu de destaque neste período foi Araújo Porto-Alegre, o qual contribuiu na realização da exposição pública de dezembro de 1929. Victor Meirelles também se matriculou na academia e posteriormente se tornou ali um admirado professor. De lá pra cá foram muitas as denominações para este espaço de ensino que perdura até hoje sendo chamado de Escola de Belas Artes (incorporada à Universidade Federal do Rio de Janeiro).


Referências:
Anderson Ricardo Trevisan. DEBRET E A MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA DE 1816: ASPECTOS DA CONSTITUIÇÃO DA ARTE ACADÊMICA NO BRASIL. São Paulo, 2007 (Artigo).

Rodrigo Naves. A FORMA DIFÍCIL: ENSAIOS SOBRE ARTE BRASILEIRA. São Paulo, 2011 (Livro).


quarta-feira, 6 de maio de 2015

Barroco brasileiro

No século dezessete a Paraíba também foi alvo da ocupação holandesa, situação que só se viu livre com a chegada de tropas portuguesas aliadas à alguns colonos em seu território por volta de 1645. Neste período espalharam-se sesmarias pelos vales dos rios Paraíba e Mamanguape alcançando também o interior e o sertão da capitania. Com a expulsão dos holandeses, a região buscou crescer e prosperar como nos anos anteriores à invasão, porém os lucros da Coroa Portuguesa com o açúcar foram afetados enormemente graças ao conhecimento do plantio da cana-de-açúcar levado pra fora do Brasil com os neerlandeses. Neste território se desenvolveu uma expressão barroca distinta da conhecida nas igrejas do Centro-Sul do país.


A população católica das regiões de Minas Gerais, Goiás e Rio de Janeiro, fosse ela abastada ou miserável, ergueu monumentos para a glorificação da fé muitas vezes correspondendo à uma necessidade de ostentação. Esta afirmação se dá pela riqueza das construções do barroco mineiro, traduzido em espalhafatosas dobras, redobras e brilho as quais refletem um refinamento da sociedade mineradora enriquecida pela corrida do ouro, pelo comércio ou pelo cultivo da cana. Enquanto isso, o barroco desenvolvido no litoral nordestino, de forma geral, preservou as características formais do estilo europeu, porém absorveu elementos da flora e da fauna locais em construções que objetivavam a catequese e a evangelização
O intuito catequizador desta expressão pode ser observado também no anonimato das produções. Os artesãos, artífices e artistas que atuaram nesta região não gozavam de uma posição social influente, por isso sua assinatura era desnecessária. O importante era a funcionalidade da obra e não o virtuosismo daquele que a fez. Aqui já podemos pontuar nitidamente o atraso em relação à posição do artista na sociedade, que na Europa deste período, já tinha atingido um status de destaque no meio social. Na Paraíba há uma total despreocupação com o registro da autoria das obras do estilo.
Resolvemos situar o Barroco brasileiro para além de Minas Gerais pela necessidade de expandirmos o conhecimento para além do convencionado. Pois contrariando a ideia apresentada sobre o anonimato, percebemos em nosso país o mito construído com Aleijadinho, personagem romanticamente baseado em Antônio Francisco Lisboa, escultor mulato filho de escrava com o arquiteto português Manuel Francisco Lisboa e que teve seu legado iniciado pelo diretor de ensino de Ouro Preto, Rodrigo Ferreira Bretas em 1858, cinco décadas depois da morte do escultor. Atualmente, mesmo não contendo obras de Antônio Francisco Lisboa assinadas, os colecionadores atribuem mais de 400 trabalhos ao dito genial artista Aleijadinho.


Referências:
Carla Mary da Silva Oliveira. O BARROCO DA PARAÍBA: ARTE, RELIGIÃO E CONQUISTA. João Pessoa, 2003 (Livro).

Leandro Narloch. GUIA POLITICAMENTE INCORRETO DA HISTÓRIA DO BRASIL. São Paulo, 2011 (Livro).