quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Guia do Cirurgião Amador #1



Dois cirurgiões de credibilidade duvidosa apresentam, neste primeiro programa, uma breve capacitação para os espectadores que desejam aprender como realizar o transplante de cérebros.
Assista à esta produção da Láudano Artes, com atuação de André D.X e Flávio Cardoso e texto de Victor Santanna, que teve sua estréia durante o 3º Encontro de Culturas Urbanas, em Maringá-PR e foi filmada na Oficina de Teatro da Universidade Estadual de Maringá.




domingo, 9 de outubro de 2016

Entrevista: Marcello Gugu - "AULA SOBRE O HIP-HOP"

Com a palavra, D.X:
No dia vinte e quatro do mês de setembro tive a satisfação de trocar uma ideia firmeza com o artista Marcello Gugu, que participou de uma edição especial da Batalha do Secreto, aqui em Itanhaém. Conversamos sobre sua participação na cultura Hip-Hop, seus trabalhos, seus projetos, etc. Revelou ainda que o Gugu de seu apelido não vem de seu nome, mas sim de sua vivência na Vila Gumercindo, distrito de Ipiranga, São Paulo.
 
Marcello contou que seu primeiro contato com o Rap, foi por volta dos onze anos ouvindo "Mano Na Porta do Bar", do Racionais MC's, no rádio do carro de seu pai. Esta foi a primeira vez que escutou uma música cantar a realidade próxima daquela que ele via e vivia no Ipiranga. Lembra, inclusive, que logo assimilou a música ao seu finado tio, um exímio botequeiro. Mas na época, o pai mudou de estação e ficou por isso mesmo.
Um pouco mais velho, trocando fitas K7 com uma galera, conheceu Planet Hemp, Gabriel o pensador e outros artistas que soavam como o que havia escutado no carro de seu pai. Também graças à internet, acessada do SESC Ipiranga, descobriu o Bocada Forte e os encontros na Galeria do Rock onde conheceu uma galera que colaborou na criação do Afrika Kidz e da Batalha do Santa Cruz.
Inspirada na Batalha do Real, no Rio de Janeiro, a batalha do Santa Cruz surgiu no dia 18 de fevereiro de 2006 e virou referência. A única que manteve a periodicidade de todo o sábado oferecer a oportunidade para que a molecada se iniciasse na cultura Hip-Hop, revelando nomes como Emicida e Rashid, por exemplo. A visibilidade que conquistaram resultou no destaque para o universo do freestyle, de maneira independente e sem dinheiro. Mesmo assim, registra em sua memória este evento como uma grande escola pra ele, tanto em nível artístico como pessoal.
Levando adiante esta ideia, surgiu o projeto denominado Infinity Class, uma maneira de mediar o conhecimento histórico a partir da ótica do Hip-Hop. Esta foi a maneira que Gugu encontrou de contar a origem desta cultura onde desde a época do descobrimento da América, até sua eclosão como forma artística na década de 1970, revela uma enorme trajetória de luta e resistência da comunidade negra norte-americana. Desta forma, suas palestras, ou aulas, apresentam um rico conteúdo que não pode passar batido, servindo de ensino e aprendizagem, para que a molecada nova entenda que isso não surgiu do nada, que tem história e que se não ficar registrada, o tempo engole. Assim, o projeto funciona melhor ainda quando se pretende quebrar o preconceito contra o Hip-Hop, levando professores, vereadores e policiais ao conhecimento de que esta cultura não é uma baboseira como muitos pensam, mas que possui um sentido e a capacidade de transformar a vida das pessoas.


Embora o Infinity Class tenha se iniciado dentro dos muros de uma escola privada, é dentro da Fundação CASA que as lembranças de Marcello Gugu revelam vivências mais marcantes. Já atuou voluntariamente nas CASA Topázio, Itaparica, Juquiá, Tocantins e inclusive Chiquinha Gonzaga, para as meninas. Lá conta que arrancou lágrimas e também ajudou as adolescentes na valorização de sua auto-estima e no reconhecimento de sua beleza independente dos padrões estéticos que a mídia e a sociedade nos impõe.
Fora isso, nosso entrevistado apontou o que ele considera necessário para o fortalecimento do Hip-Hop nacional, ou seja, a profissionalização dentro da cultura. E também por mais piegas que possa parecer, a questão da organização que ainda é outra lacuna a ser superada. Daí, poderemos autonomamente gerar renda, empregos e mostrar pra periferia que não é somente o tráfico de drogas a única opção rentável pra ela, mas que a parte artística e também as demais áreas entorno desta possuem um grande nicho econômico a ser explorado em terras brasileiras, tal como vemos na pátria que pariu o Hip-Hop, conforme a aula de Marcello Gugu.
Até a próxima...

Fotos por D.X, veja mais clicando aqui.

Ouça o álbum "Até que enfim Gugu! (2013)" do artista Marcello Gugu: